A EDUCAÇÃO MODULAR


Há algum tempo que venho acompanhando os anúncios de universidades particulares e notei o quanto a educação, além de não gozar de nenhum prestígio em nosso país, tornou-se um negócio extremamente rentável para alguns donos de estabelecimentos comerciais de ensino.
Estou falando daqueles pacotes dois em um, comumente associados à venda de produtos de limpeza, onde na compra de dois produtos o consumidor supostamente paga apenas por um. No caso das instituições em questão, o “consumidor-aluno” paga por um curso e termina sua formação com dois ou três diplomas, dependendo do pacote.
Em tempos de deterioração comprovada do sistema educacional, nada mais vantajoso. Em uma determinada propaganda a chamada diz: algo como: “Não perca tempo, acelere a sua formação!”, a outra oferece a formação modular, direcionada talvez para o indivíduo reificado e modular (sobre o assunto ler o excelente livro “O choque do futuro” escrito por Alvin Toffler).
De tudo é apresentado nas propagandas, preços baixos; locais de fácil acesso; horários flexíveis onde o aluno tem a oportunidade de cursos semi-presenciais, interativos ou até mesmo totalmente ausente, basta ir retirar o diploma no final; e a grande novidade agora é a universidade que se instala em shopping centers, onde o aluno se forma sem ter que freqüentar aquele ambiente universitário com livros, bibliotecas, salas de estudo, palestras e grupos de discussão.
Para o mercado financeiro, o Grande Irmão da nossa sociedade, nada melhor. A vantagem de se contratar um funcionário com nível superior, especializações múltiplas, flexível e polivalente, com o mesmo salário de países extremamente subdesenvolvidos é um negócio mais do que vantajoso. Os subordinados melhoram seu desempenho, sempre na esperança de alcançar os cargos almejados. Não é à toa que o mercado editorial dos livros de auto-ajuda tem um papel importante nesse contexto.
O que me causa pavor é pensar se o Estado irá copiar essa idéia e levar a proposta de formação modular e flexível para a rede pública.
Imagine, o aluno cursa o ensino médio em apenas um ano ou pode escolher em freqüentar os cursos uma vez por semana. Tudo indica que esse será o caminho adotado em breve, aí a solução será "alugar o Brasil” e ir para o Paraguai.

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