MICHAEL JACKSON E A INDÚSTRIA CULTURAL

Michael Jackson (1958-2009)


Podemos dividir a história da música pop entre antes e depois de Michael Jackson.

Mesmo não sendo fã, confesso que na semana de sua morte senti uma tristeza nostálgica, afinal, a morte do rei do pop encerra uma era (no caso os anos 80).

Lembro-me de como fiquei assustado ao assistir a estreia do videoclipe “Thriller” no programa do Fantástico (quando o programa fazia jus ao nome), não havia nada parecido. Jackson inovava não só nos vídeos, mas também na dança, nos shows e, em cada lançamento de disco, toda a indústria fonográfica e a mídia direcionava sua atenção única e exclusivamente para o “rei”.

Michael Jackson foi (e continua sendo) a expressão máxima da indústria cultural, seu produto mais perfeito. A sua “atuação” foi do início ao fim da carreira ininterrupta, impossibilitando a distinção do homem e do artista, transformou-se em “coisa de si próprio” (AB’SÁBER, 2009). 

Negro que ficou branco, anjo ou demônio, culpado ou inocente, pedófilo ou apenas um artista que amava as crianças, enfim, ninguém saberá. Mas, por trás da bizarrice de Michael Jackson encontramos novamente a face sombria de uma sociedade.

Não à toa que dez dias após a sua morte, seu corpo ainda continua sem descanso. O pai ao anunciar os preparatórios do funeral, aproveitou o momento para divulgar sua nova gravadora, a ex-esposa que dizia não estar preparada para a maternidade briga pela guarda dos filhos e a herança que os acompanha, as gravadoras correm para suprir as prateleiras com discos do ídolo recordando os velhos tempos. E os fãs disputam ingressos para ver o último show (ou melhor, funeral) do astro.

A indústria cultural é “ultraligeira” fornecendo sempre novos “produtos” para o “consumo psíquico” (MORIN, 1969) das massas, preenchendo assim as lacunas sombrias do nosso ethos corrompido. 

Já não existe mais artistas como Michael Jackson e nem existirá, pois o fenômeno das celebridades agora é instantâneo, onde um Jackson é fabricado a cada mês.

BIBLIOGRAFIA
 

AB’SÁBER, Tales. Ruínas do pop. Jornal Folha de São Paulo, caderno Mais! 05/07/2009 -

MORIN, Edgard. “A indústria cultural”, in: Cultura de massas no século XX. Companhia Editora Forense: Rio de Janeiro, 1969.

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