A moralidade na sociedade capitalista de consumo obedece normas próprias, em certos momentos confusas.
A ideia de um sujeito ético não está desvinculada da questão financeira e é nisso que reside a confusão.
Por exemplo, um sujeito que rouba R$ 30,00 da empresa que trabalha é visto como uma pessoa que não merece nenhuma confiança. Ela será punida por todos que o cercam e carregará para sempre o estigma de ladrão. Até então nada de errado. Porém, a situação se inverte quando alguém é acusado de desviar alguns milhões de um setor público. Essa mesma pessoa aparecerá na mídia, terá algum destaque, mas logo será esquecida e facilmente retornará à vida pública, sem maiores complicações.
E em relação às dividas o mesmo ocorre.
Se alguém tem uma dívida de R$ 100,00 com um vizinho, logo a notícia se espalha, todos ficam sabendo e o devedor receberá a condenação moral de todos os outros vizinhos. Será visto de uma maneira desconfiada. Esse passará a andar cabisbaixo, envergonhado por não cumprir com suas obrigações. Com a dívida seu principal patrimônio desmorona, o seu nome.
Agora, o sujeito que deve milhões, esse perambula pelos mesmos círculos sociais, sem preocupação e até com um ar maior de superioridade. Diferente do primeiro, ele possui um nome, que lhe dá um status e por consequência lhe dá a moral necessária para continuar sua vida social. A própria sociedade lhe dará o respeito necessário.
Muitos são os que devem, mas as dívidas afetam sempre os menos abastados, os que não tem um status a sustentar.
Vejo nos programas sensacionalistas que mostram ladrões capturados pela polícia. São expostos como troféus, prontos para o linchamento moral. O que não é muito difícil.
Já os políticos, empresários e celebridades acusadas de crimes nem sequer aparecem algemados ou recebem o mesmo tratamento. Uma certa blindagem os protege do linchamento moral e até as críticas da população são reservadas.
De qualquer forma, caso você tenha lido até aqui (o que duvido muito) pague suas dívidas, a menos que você seja um mega empresário.
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