UM JUDEU, BILLIE HOLIDAY E A ESTRANHA FRUTA

    
    Em 1930, horrorizado ao ver na capa de uma revista a foto de dois jovens negros sendo linchados no estado de Indiana, o judeu Abel Meeropol (professor no Bronx) escreveu logo em seguida o poema intitulado "Bitter Fruit".
      Em 1938, no Café Society, único local onde havia integração entre brancos e negros, Meeropol entregou a letra à cantora Billie Holiday, que adaptou e, de forma magistral interpretou no próprio Café Society. Ao final da canção, Holliday relatou que houve um silêncio constrangedor, resultado do mal estar que tais atos causavam à brancos e pelo sofrimento presente que os negros sofriam à epóca.
      O que impressiona é o fato, a banalidade do mal (Hannah Arendt), a maldade (quase) intrínseca no ser humano (como pode ser percebida na foto).
     Billie Holiday canta com a alma, ao escutá-la é impossível não sofrer um pouco com esse drama.

Essa canção virou tema de um livro, como pode ser conferido na reportagem abaixo:
http://oglobo.globo.com/cultura/chega-ao-brasil-biografia-da-cancao-strange-fruit-imortalizada-por-billie-holiday-5826308

Um detalhamento maior sobre a história da canção pode ser lido no blog:
http://lyricsandliteracy.blogspot.com.br/2011/01/billie-holiday-strange-fruit.html



LETRA

Southern trees bear strange fruit,
Blood on the leaves and blood at the root,
Black bodies swinging in the southern breeze,
Strange fruit hanging from the poplar trees.

Pastoral scene of the gallant south,

The bulging eyes and the twisted mouth,
Scent of magnolias, sweet and fresh,
Then the sudden smell of burning flesh.

Here is fruit for the crows to pluck,

For the rain to gather, for the wind to suck,
For the sun to rot, for the trees to drop,
Here is a strange and bitter crop. 

TRADUÇÃO

Fruta Estranha

Ávores do sul produzem uma fruta estranha,

Sangue nas folhas e sangue nas raízes,
Corpos negros balançando na brisa do sul,
Fruta estranha penduradas nos álamos.

Pastoril cena do valente sul,

Os olhos inchados e a boca torcida,
Perfume de magnólias, doce e fresca,
Depois o repentino cheiro de carne queimada.

Aqui está a fruta para os corvos arrancarem,

Para a chuva recolher, para o vento sugar,
Para o sol apodrecer, para as árvores deixarem cair,
Aqui está a estranha e amarga colheita.

Comentários