O PICA-PAU E A ULTRAVIOLÊNCIA

       
        Dias atrás, ao ver, no centro da cidade, uma moça com uma bolsa cuja estampa era o poster do filme Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick, veio à mente duas dúvidas: 1. Por que essa veneração, por parte da galera, considerada "descolada" (muitas delas ligadas às áreas de ciências humanas), por um filme que faz menção à violência? 2. Se os desenhos que eu assistia antigamente eram tão violentos quanto a obra clássica de Krubick, por que não viraram objeto de veneração por parte dos mesmos "descolados"?

         Laranja Mecânica é uma obra prima, é possível empreender muitas análises sobre o filme. Porém, é estranha essa mórbida atração pela violência, exteriorizada a partir de souvenirs como bolsas, canecas de café, broches e até cuecas. É como uma admiração fantasiosa da violência, como algo cool de se ver.

         Ao ver as cenas do filme lembro dos desenhos do Pica-Pau que, aliás, poderia muito bem substituir Alexander DeLarge por possuir o mesmo instinto violento. O Leôncio que o diga. E o que dizer de Jerry, o simpático ratinho que busca satisfação na violência empreendida contra o pobre gato Tom (e olhe que ultimamente não venho me simpatizando muito com os felinos).
        Enfim, numa sociedade onde todos clamam pelo fim da violência, percebo ainda alguns indícios de que, um pouco de sangue e maldade ainda é o que gostamos realmente de ver. Meu querido amigo Hobbes concordaria com certeza.



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