MANISFESTO/DESABAFO DE UMA PROFESSORA

  

 No dia 16/04, uma colega de profissão muito querida escreveu esse desabafo. Que está relacionado a uma experiência (não muito boa por sinal), em uma escola particular. 
 Acontece que passei pelo mesmo e não quero repetir tal experiência, mas a importância fundamental do texto da socióloga Gleicy Schommer Dos Santos está na reflexão que ela nos propõe sobre o papel da educação. Principalmente hoje, quando vivemos tempos tão sombrios.

Segue o texto:

Manifesto/Desabafo:

   É indecente, desumano o que a mercadologização do ensino tem feito de nossas crianças e jovens! 
  Semana de prova! Matemática 1, 2, 3, Biologia 1, 2, 3, e assim vai a semana todinha ... mais de 3 horas inteiras sentadinhos em suas carteiras; o lápis, a borracha, os papéis e o desespero! A agonia, a angustia, a dor de cabeça, dor de barriga, até reza pro santo!
  "Não posso entregar em branco, não posso tirar nota baixa porque meu pai vai ficar decepcionado comigo!"
   Pobre ser humano "pai" que consegue se desapontar com o filho por conta de uma prova de matemática. Mas, tristemente, isso revela o que nossas classes médias e altas entendem hoje por educação: o mais importante é um filho que tira notas boas, que vai passar em uma faculdade conceituada (sem cotas claro, pois isso é humilhante não é), e vai ser bem sucedido. Ele será "alguém na vida", e pouco importa se esse "alguém" nunca aprendeu absolutamente nada além de passar em provas e a competir; não aprendeu o que é ética, o que é moral, o que é caráter; isso pouco importa nos sistemas de educação privado, que são embasados na lógica do vestibular - que nada mais é que um imenso mercado, que serve para formar imbecis. Esses jovens coitados se criam nesses sistemas e aprendendo a competir, sempre acham que são superiores, pobres garotos... que homens e mulheres serão? Triste, triste educação! Me arriscaria dizer que essa educação - a da escola privada, do sistema vestibular - é muito pior do que aquela que ocorre em escolas públicas, com estruturas precárias, ou em muitos casos, sem alguma estrutura.
   E os educadores? Não posso considerar educador aquele que se curva a esse sistema, e acha essa lógica mercadológica normal; os "auleiros", os "pops" de cursinhos e essa turma toda... me desculpem, mas ninguém pode ficar rico sendo professor! Não é digno se vender a esse preço.
   Mas continuo acreditando que existem educadores de verdade, militantes, preocupados, que não se vendem aos sistemas vestibubobos - e com família e despesas sabemos que não é fácil não é André Luis Santos Alexandre Ramos. Para um educador de verdade o principal é fazer pensar, é formar indivíduos pensantes, e não se tornar o professor pop.
   (esse é um reflexo de uma primeira e curta experiencia em uma escola particular)

Escrito por: Gleicy Schommer Dos Santos (Socióloga) 

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