FANTASIAS

O sociólogo alemão Nobert Elias nos alerta sobre os perigos das fantasias. Segundo ele, não é uma palavra qualquer, pois as fantasias, quando aplicadas à sociedade, escondem perigos. E isso não significa dizer que o sujeito que fantasia é louco, fanático, alienado ou que sofre de alguma patologia. Simplesmente, explicar a realidade por meio das fantasias é recursos daqueles que querem se perpetuar no poder, que veem no outro, um inimigo quase abominável a ser combatido.
Mas, gostaria de escrever aqui sobre nossas fantasias individuais, aquelas que nos acompanham e que nos ajudam a explicar a realidade.
 O ser humano é sujeito de fantasias e nisso, Nobert Elias concorda, é característica própria da humanidade.
 Quando crianças, as primeiras fantasias concentram-se em reinos e criaturas mágicas. É lá que Papai Noel mora. Esse, aliás, o primeiro ser fantasioso familiar da cultura ocidental.
            Depois, na pré-adolescência vêm os heróis. Aqueles com capas, fortes e poderes especiais.
            Na juventude, a fantasia de que o mundo pode ser mudado. Que o futuro nos pertence, que as coisas são resolvidas de forma rápida e instantânea, basta querer.
            E, por fim, a maior de todas as fantasias, o amor.
            Porém, com o tempo, percebemos que tudo isso não serve para explicar a realidade. Papai Noel, herói, os espírito juvenil, nem o amor.
            A realidade se mostra dura e linear. Sem fantasias para temperar o dia a dia. De repente é tudo uma sequência, nascer, crescer, estudar, trabalhar, contribuir, morrer.
            E onde estarão as fantasias de fato?
            Estão sempre à disposição, para nos iludir, desviar dos nossos caminhos. E contribuímos para perpetua-las.            
            - Papai Noel existe? Sim. Existe!!!
            - Você me ama de fato? Sim. Claro, eternamente!!!
            E assim vivemos de fato, fantasiando a realidade.
            - Você ainda me ama?
            - Sim, te amo.

             Duvido, mas quem disse que quero a realidade?

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