QUEM QUER UM MUNDO MELHOR?


Vivemos tempos difíceis, isso é certo.

Os problemas em nossa sociedade batem na nossa porta e são tantos que fica difícil enumerar. Em São Paulo, por exemplo, só para listar: falta d’água em meio a um verão senegalêsíndices educacionais cada vez mais baixos, onde os alunos terminam o ensino médio com conhecimentos pífioso trânsito um problema já naturalizadoa violência por parte tanto do crime organizado, quanto de uma polícia desorganizadaa produção de lixo atingindo um grau alarmante, entre outras coisas.




        Como diria minha mãe “a casa tá uma bagunça só”. Mas, fica a dúvida, se a casa está bagunçada, quem quer vê-la arrumada? Ou melhor, quem quer arrumá-la?

       Duas perguntas diferentes que sugerem duas repostas diferentes. Para a primeira questão, todos. Isso, todos nós queremos ver o fim dos problemas da cidade, ver a casa arrumada, afinal, quem não quer? Porém,  a resposta para a segunda questão seria, ninguém.

        Ninguém quer perder seu tempo ou sacrificar-se em nome do bem comum, do próximo ou para proveito próprio quando este sugere uma mobilização coletiva.





        Para exemplificar, podemos colocar a questão da educação, área em que atuo. Todos falam numa educação melhor para seus filhos, discursam sobre os benefícios da educação. Mas, na verdade, é como se nós brasileiros não tivéssemos a educação como pauta primeira das nossas necessidades urgentes. Verifica-se isso com o desrespeito aos professores e às próprias instituições de ensino. A verdade que as pessoas não querem mais educação, o que elas querem é dinheiro. E se para obter dinheiro é necessário passar mais tempo na escola ou na faculdade, elas farão. Porém, não pelo conhecimento puro e simples, como forma de emancipação e desenvolvimento cidadão e humano. O objetivo central será um diploma que proporcione trabalho e, no final, lhe renda um bom dinheiro. O que realmente se valoriza no Brasil não é a educação e sim o trabalho.

      As questões ambientais não ficam de fora. Quantas pessoas valorizam a natureza? Muitas, com certeza.

        E quantas reciclam o lixo? Carregam sacolas nas bolsas para não jogar o lixo pessoal nas ruas? Economiza água evitando lavar o carro toda semana? Evita consumir mais que o necessário para o bem estar? Ensina aos filhos a importância da natureza e de cuidar bem dela?

Enfim, não se trata de inquérito, mas de perceber que as pessoas querem um mundo melhor, mas esse “mundo melhor” se reduz ao seu mundo pessoal, particular, onde os benefícios são rápidos e diretos.



E isso em todos os setores. Quantas pessoas querem o fim da violência, mas não resistem em mostrar o dedo do meio ao cidadão do carro ao lado, só pelo prazer de descarregar a raiva no outro? Quantos se declaram contra a corrupção, inclusive sugerindo pena de morte aos mesmos, mas não resistem em se dar bem quando isso é possível?




        Um mundo melhor está distante, pois nossa verdade de agir em prol do mesmo é mais distante ainda. Na prática, queremos nos sair bem, desejamos o bem estar individual, mesmo que o preço seja alto, pois somos momentâneos, egoístas, eternamente infantilizados pelos nossos desejos.

Um mundo melhor, que venha, de preferência com uma boa garrafa de vinho!

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