DIFÍCIL ENCENAÇÃO


Nunca sabemos hoje quem seremos amanhã, mas, talvez esse paradigma rousseauniano esteja defasado em tempos de visualizações constantes de nossa imagem.

O conceito de Goffman da interpretação de papéis, dos atores sociais, do paralelo da vida cotidiana com  a profissão do ator no palco assume características novas.
Agora, vivemos o imperativo da visibilidade, onde, a nossa existência virtual é marcada pela presença constante da nossa imagem, ou das nossas representações, à disposição do público.

Deixamos de ser atores sociais (pai, filho, operário, vizinho, sujeitos comuns) para nos tornamos personas (o intelectual, o politizado, a sexy, o saudável, o politicamente correto, o engraçado, o deprimido, o bem sucedido). Mas, alimentar essas personas variáveis tem custo alto, a saber, a nossa própria essência, seja lá qual for.

Nosso egocentrismo anda no cangote a todo momento dizendo: "Vá, apareça, você precisa mostrar que está vivo!!!".

Por meio da mais variadas redes estamos nós, crianças desamparadas, mimadas, querendo atenção.

Porém, há um vilão. O tempo que nos leva ao fim. The times goes. Mas, não tão depressa. Ele vai devagarinho, nos corroendo, consumindo, nos deixando velhos, perdendo aos poucos a glória de uma juventude dinâmica.

Então, utilizamos os vários recursos, Photoshops, filtros, recursos variados para demonstrar que, como um pássaro novo, ainda podemos voar bem alto. Mesmo que a queda seja uma certeza.
 

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