NA CRISE E NO ÁLCOOL


Em duas situações os indivíduos mostram sua face real: na crise e no álcool.

Na crise pois, toda a estrutura do ego se esvai levando-o às suas idiossincrasias e ao seu estado puro de raiva e ódio. É aí que começam as revelações.



Uma  sociedade em crise econômica, por exemplo, é um sociedade e  crise de valores, pois os valores já não existem mais ou se tornam relativos. Acaba-se o amor, a esperança a união.

Corremos todos atrás de um culpado para sair da crise, na preocupação de que o gatilho não fique na nossa direção. Começa jogo da culpa, onde o diferente é por si só culpado. E não basta isso, tem que ser julgado e eliminado. A melhor parte. Isso!!! Temos que eliminá-los da face da Terra, para nosso próprio gozo e segurança.



Na crise e no álcool, seres humanos enfim!

E não venha com papo de amor, pois, todo amor encontra a crise. E quando isso acontece, percebemos que o amor não tem nada de bonitinho, como pintado nos filmes românticos. 
O que os sujeitos buscam no amor é o gozo pessoal através do outro, este, mero objetivo para satisfazer as vontades do ser amado. Daí a impossibilidade de não aceitar o fim de uma relação, afinal, se o outro não pode me amar, que não ame mais ninguém, logo, deve ser eliminado.

Até que a crise nos separe!

E o álcool??? O que falar do álcool?
É na embriaguez que novamente nos revelamos, pois é nela que se afrouxa novamente o ego e então, todas as verdades são ditas. Sim, pois é permitido.
Não existe o "eu estava bêbado, por isso fiz ou falei tal coisa". No fundo, no fundo, queremos isso, pois, ninguém aguenta esconder as verdades por tanto tempo.

Bendito álcool!

Uma máxima da política diz que não se pode confiar em quem não bebe. Correto!
Só na bebida nos revelamos (e na crise, não podemos esquecer).

A bebida é combustível da confissão descompromissada. Quem dera um estado de embriaguez constante, pois a aflição de todo bêbado é a sobriedade do dia seguinte e como fazer para desmentir a verdade?


Na crise e no álcool. Caem-se as máscaras todas!

Na crise e no álcool saímos da nossa atuação força cotidiana: cidadão de bem, o bom moço, a menina devota, a mãe de família exemplar, o ativista bem intencionado, o político preocupado... Deixamos isso para sermos nós mesmos, seres imperfeitos, de pura maldade.

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