PIN UPS E A CENA ALTERNATIVA DOS ANOS 90


Hoje vou escrever sobre um tema diferente: música. Mais especificamente sobre uma banda brasileira que adoro e que reflete um pouco da minha juventude (sim, estou nostálgico!).


Falo da banda Pin Ups

Formada em 1988, em São Paulo, "o" Pin Ups tinha composições em inglês e trazia no seu DNA, toda a sonoridade das bandas inglesas do início da década de 90.



Aliás, eles tiveram a capacidade de adiantar muito do som que a juventude da época ouviria anos depois. Banda como Oasis, Primal Scream, Dinosaur Jr., Sonic Youth, Blur, Stone Roses, entre outras, eram desconhecidas do grande público e os paulistanos do Pin Ups já faziam algo idêntico e, porque não dizer, superior.



Confesso, não curto banda nacionais cantando na gringa, mas eles conseguiam fazer um som empolgante.

O primeiro disco da banda, intitulado "Time will burn", tem na formação Zé Antônio (guitarra), Luíz Gustavo (vocal) e Marquinhos (bateria).

O disco apresenta muitas distorções, microfonias, vocais que lembram The Jesus and Mary Chain. Só esse disco seria o suficiente para colocá-los como uma grande banda. Destaque para a música de entrada Sonic burtterflies e a pesada Bleed.


Em 1992, os caras lançam o disco intitulado "Gash". Novamente, outra obra-prima, que surpreende pela coragem da experimentação. Algo muito peculiar nas bandas do cenário alternativo dos anos 90.
Dessa vez, a banda explora uma sonoridade acústica. Com a baixista Alê como integrante, o grupo já experimentava uma certa popularidade e até a fama de arrogantes. O disco Gash entrega uma atmosfera gótica, combinando totalmente com a atmosfera da noite paulistana. O destaque desse disco vai para a música A day in the life (cover dos Beatles), que conta com o vocal da baixista Alê, que mais tarde seria a vocalista oficial da banda.


No ano seguinte, 1993, o quarteto lança o disco "Scrabby?", retornando a sonoridade barulhenta e agressiva. Segue no mesmo ritmo, uma sequência de boas músicas e hits marcantes. Destaque para Never learn, Crack e Going on.



Em 1995, sai o excelente Jodie Foster, disco que entrega a banda uma cara nova. Após a gravação do disco, o vocalista Luíz Gustavo deixa a banda, assumindo a baixista Alê, que consegue ganhar a simpatia dos fãs e assume a banda com uma postura anti-sexista. Dessa vez, com duas mulheres à frente da banda (a guitarrista Eliana e Alê, no baixo e vocal) a sonoridade bubblegum. Apesar de Luíz Gustavo cantar boa parte das músicas, o destaque fica com a música Witkin, com a vocal da Alê.




Em 1997, o grupo grava o que considero o melhor álbum "Lee Marvin", para não dizer, perfeito.
Com Guts, You shouldn't go away, Loniless e Resting time, o disco é uma porrada sonora melódica, com música que dão vontade de cantar e pular, literalmente. Os shows do Pin Ups tinham muita energia e deixava muita banda gringa no chinelo.


"Bruce Lee", disco de 1999, fecha a trilogia com nomes de artistas de cinema e é o último registro da banda. Com três músicas do disco anterior e um registro acústico ao vivo, a banda vai aos poucos se dispersando. Com algumas tentativas de retorno, em 2001 é anunciado o final.



O Pin Ups tem a sonoridade e a cara dos anos 90 e de toda experimentação da década. Nesse memento, a Internet estava no seus primórdios, então, boa parte das bandas eram conhecidas do grande público por meio dos videoclips da extinta MTV Brasil,  por fanzines e pela fitas demo da Galeria do Rock. Muito dessa popularidade ocorria pelo famoso boca a boca, ou seja, uma pessoa escutava e ia passando para a outra, até elas ficarem conhecidas. Outra coisa interessante era a ideia de "cena" se criava. A cena do underground em São Paulo e Rio de Janeiro era muito forte, o que deixava o público muito próximo das bandas, uma vez que quase todos tinham banda.

* Pra falar a verdade não sei porque escrevi sobre essa banda ou postei esse texto. Nesse exato momento, estou às vésperas da minha defesa de mestrado. Talvez seja uma forma de relaxar, esquecer para não pirar. Dedico essa postagem ao meu amigo Jé, que assistiu uma vez ao show do Pin Ups e, simplesmente, ficou louco pela banda. Infelizmente, ele está mais entre nós, mas, com certeza, onde quer que esteja, está curtindo um som dessa banda.

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