Ler um
livro não é tarefa fácil. Tenho dificuldade de ler, pois gostaria de me dedicar
a essa atividade com mais afinco. Além disso, sou lento e preguiçoso,
então, demoro séculos para ler míseras cem páginas.
Sempre
escolho a dedo tudo que vou ler. Seleciono os livros a partir de referências,
dando sempre preferência aos clássicos. Outro fator que levo em consideração é
meu estado de espírito, pois acredito que há momentos certos para cada tipo de
leitura.
Sempre
utilizo como exemplo o meu encontro com Goethe e o primeiro momento que passei
a entender Fausto. Chorei, literalmente. Ou quando, numa estação de
metrô li o Grande mentecapto de Fernando Sabino, parei por cerca de
uma hora, deixando de lado todas as minhas atividades e, novamente, derramei
lágrimas.
Leitura é
coisa séria, isso é fato!
Abaixo,
alguns livros que fizeram e fazem parte da minha vida (esse post sofrerá
alterações, pois a cada novo comentário, o utilizarei, reciclando a postagem):
"Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se metamorfoseado num inseto monstruoso".
O início do livro de Kafka já revela que a trama é surreal. Gregor Samsa acorda transformado numa barata e, durante toda a trama, o surrealismo aparace na incapacidade do personagem em entender o por que de tudo isso. Aliás, nos livros de Kafka os sujeitos não dominam a ação, são dominados, levados pelos acontecimentos. E todos se veem em tragédias pessoais, solitários, sem um direcionamento.
O absurdo toma conta, não do sujeito transformado em barata, mas da sua insistência em se adaptar ao corpo estranho e conseguir cumprir suas obrigações. Gregor Samsa, um caixeiro viajante que precisa trabalhar para saldar as dívidas da família.
Na época em que li o livro, trabalhava numa metalúrgica. Cumprindo horários, executando tarefas chatas e rotineiras, sendo mais um em meio a tantos, enfim, um corpo estranho na engrenagem.
Nos livros de Kafka estamos sós, incapazes de controlar a própria vida e alienados da realidade que nos cerca.
O PROCESSO (FRANZ KAFKA)
Se A metamorfose foi uma iniciação para Franz Kafka, foi no livro O processo que eu realmente pude confirmar sua magnitude.
Josef K. acorda e descobre que está sendo processado. O motivo, não se sabe.
Ao longo de todo o livro, Josef K. se vê num labirinto sem fim, em busca de uma resposta para a situação em que se encontra. Porém, ninguém consegue lhe dar uma resposta. Mesmo quem também sofre processo, pouco sabe informar.
Durante a trama, se vê em ações que são incapazes de lhe dar respostas, a uma burocracia sem sentido.
Meu primeiro ano tentando ser professor da rede estadual de ensino e a primeira lição que aprendi foi que, no estado não há sentido e pouco dominamos o que acontece. Além de uma burocracia que serve para controlar, mas que pouco nos serve de fato.
Um labirinto sem fim onde, novamente, estamos sozinhos.
A MORTE DE IVAN ILITCH (LIEV TOLSTÓI)
Ivan Ilitch, um respeitado juiz respeitado, está a beira da morte.
O livro de Tolstói narra os três últimos dias de vida de Ivan Ilitch, que vê tudo à sua volta se desmoronar a partir do momento em que fica doente e incapaz de se locomover. Esposa, filhos e amigos, todos se afastam dele.
É nesse momento que Ivan passa a refletir sobre sua própria vida e percebe que viveu poucos momentos de felicidade. Aliás, percebe que em seu casamento (arranjado) foi infeliz, que os filhos não o respeitavam e os colegas de trabalho só pensavam em ocupar o seu cargo.
Numa passagem belíssima do livro, Ivan Ilitch, em meio às suas reflexões, descobre que quanto mais distante no tempo, mais feliz ele era.
O absurdo toma conta, não do sujeito transformado em barata, mas da sua insistência em se adaptar ao corpo estranho e conseguir cumprir suas obrigações. Gregor Samsa, um caixeiro viajante que precisa trabalhar para saldar as dívidas da família.
Na época em que li o livro, trabalhava numa metalúrgica. Cumprindo horários, executando tarefas chatas e rotineiras, sendo mais um em meio a tantos, enfim, um corpo estranho na engrenagem.
Nos livros de Kafka estamos sós, incapazes de controlar a própria vida e alienados da realidade que nos cerca.
O PROCESSO (FRANZ KAFKA)
Se A metamorfose foi uma iniciação para Franz Kafka, foi no livro O processo que eu realmente pude confirmar sua magnitude.
Josef K. acorda e descobre que está sendo processado. O motivo, não se sabe.
Ao longo de todo o livro, Josef K. se vê num labirinto sem fim, em busca de uma resposta para a situação em que se encontra. Porém, ninguém consegue lhe dar uma resposta. Mesmo quem também sofre processo, pouco sabe informar.
Durante a trama, se vê em ações que são incapazes de lhe dar respostas, a uma burocracia sem sentido.
Meu primeiro ano tentando ser professor da rede estadual de ensino e a primeira lição que aprendi foi que, no estado não há sentido e pouco dominamos o que acontece. Além de uma burocracia que serve para controlar, mas que pouco nos serve de fato.
Um labirinto sem fim onde, novamente, estamos sozinhos.
A MORTE DE IVAN ILITCH (LIEV TOLSTÓI)
Ivan Ilitch, um respeitado juiz respeitado, está a beira da morte.
O livro de Tolstói narra os três últimos dias de vida de Ivan Ilitch, que vê tudo à sua volta se desmoronar a partir do momento em que fica doente e incapaz de se locomover. Esposa, filhos e amigos, todos se afastam dele.
É nesse momento que Ivan passa a refletir sobre sua própria vida e percebe que viveu poucos momentos de felicidade. Aliás, percebe que em seu casamento (arranjado) foi infeliz, que os filhos não o respeitavam e os colegas de trabalho só pensavam em ocupar o seu cargo.
Numa passagem belíssima do livro, Ivan Ilitch, em meio às suas reflexões, descobre que quanto mais distante no tempo, mais feliz ele era.
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