TIRANDO AS MÁSCARAS

As redes sociais da internet constituem-se em ferramentas de polêmicas, de forma tão rápida e efusiva que, quando você pensa em participar de uma, logo vem outra, defasando a primeira polêmica à velocidade da luz.

O casal alvo da discórdia

A facilidade de digitar e expor as ideias, sem o esforço de argumentar, somando-se ao imediatismo do olhar, que vê e já forma uma opinião, espanta até mesmo as mentes mais polemizadoras. Nessa mistura toda, temos os conflitos que vão se acirrando, criando grupos do contra e à favor, com uma platéia sedenta em demarcar sua opinião sobre o fato.

O mais recente (não tão recente assim nesse momento) é do casal que resolveu, num bloco de carnaval de Belo Horizonte, se fantasiar de Aladdin e Jasmine e, aproveitando o trio, fantasiou o filho de Abu, o macaco companheiro de Aladdin.

Não demorou muito e começaram as críticas ao casal e acusações de racismo, muitos sem saber que se tratava de uma família. Em seguida, outras fotos do casal foram divulgadas, mostrando que eles estavam desfilando com fantasias diferenciadas, que combinavam a ideia de trio. A de Aladdin, nesse caso, era só mais uma entre outras fantasias. 

Não demorou muito e a situação se reverteu, o casal conseguiu um grupo que partiu em sua defesa, atacando o grupo dos crítico a escolha da fantasia.

VAMOS PENSAR!

Os sites de "notícias" não demoraram em dar destaque ao fato, entrevistando o casal, que alegou ingenuidade no ato. Eles não achariam que isso daria repercussão e muitos menos viram sinal de racismo no ato.

Sim, acredito totalmente. Não houve intensão de racismo. Mas, o que o debate precisa é sempre da calma necessária para avaliar, sem com isso, jogar a criança com a água do banho fora, ou seja, que o casal não teve a intensão é uma coisa, que o ato é desagradável em si, isso não há o que discordar. A menos que você dormiu nas aulas de história ou sequer tem conhecimento do ocorre na frente do seu nariz.


ALGUNS EXEMPLOS SÃO NECESSÁRIOS

Muitos que partiram em defesa do casal simplesmente colocaram: "Se fosse uma criança branca não seria racismo".

Lógico que não!!!

Em algum momento da história mundial o povo negro escravizou o povo branco??? 


         

O contrário sempre ocorreu e nosso país é a prova cruel de tudo isso. Os resquícios perduram até hoje, basta analisar os números e, principalmente, buscar entender como esse racismo velado é endossado por toda a sociedade cotidianamente, na forma de brincadeiras, nas expressões cotidianas, no silêncio transformado em ato por meio de uma gente ingênua, porém, cruel.


Os exemplos mostram que tornar o sujeito em animal é, em geral, uma forma de anular toda a condição humana existente nele. No caso dos negros, macacos. Da mulheres, vacas e galinhas. Dos homossexuais, veados

"Mas, se ofende quem quer", você deve estar pensando. 
Talvez o certo seria, só percebe o racismo  e o preconceito quem verdadeiramente já sofreu ou quem realmente tem consciência para perceber.

No caso do casal, não houve essa percepção, por uma ingenuidade problemática para toda a história do povo negro. O filho deles, ao contrário, pode ser que perceba em breve o que é viver num país onde as marcas da história não se apagaram.


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