O QUE VAI NA MASSA?

Em meio ao debate acalorado, onde as rotulações são disparadas, faz-se necessário uma observação importante: a massa que vêm protestando pelo fim da corrupção, em nome do impeachment, em nada tem de politizada. E é aí que reside o perigo!

Muitos distantes das denominações colocadas, essa massa que vem se formando e que, paulatinamente, ganhou corpo, não tem uma definição clara do que quer a longo prazo. Querem apenas o fim de um governo e de um partido político (nisso, não há nenhum problema, pois é um direito).


Porém, não há uma ideologia que a defina.

Movimento bem organizado, frente ao prédio da FIESP

Não é a elite branca que todos apregoam, pois há uma heterogeneidade. A elite, com certeza não se mistura de fato à massas, no máximo, organiza a festa, mas, fica mesmo é no camarote. Parte dessa massa, vem de uma classe que ascendeu nos últimos anos (ironicamente, graças ao último governo) e que nem de longe é elite.

Não são de direita, pois, suas aspirações ao conservadorismo flutuam numa órbita muito inconsistente. Exemplo disso é o vídeo onde um rapaz, assumidamente homossexual, defendendo Jair Bolsonaro, este, homofóbico ferrenho. Muito menos são liberais, pois não possuem conhecimento suficiente para defender tal ideologia, no máximo, possuem ideais de um liberalismo torto, misturado com uma mentalidade colonial escravocrata (mas, eles não sabem disso logicamente).

No vídeo, uma mistura completa de questões amplas, sem definições consistentes



Essa massa não têm projeto de político de nação ou de sociedade em mente, pois, atendem às emergências do mercado. Estão revoltado pela crise instaurada, parte por um contexto econômico global, parte por uma situação política nacional. A massa que perdeu nos últimos anos seu poder de compra, quer agora recuperá-lo. 

Como parte desse grupo vive a rotina imposta do cotidiano, toda e qualquer situação que a atinja diretamente, tirando-a do eixo, provoca excitação e pânico. A massa é impulsiva, volúvel e excitável...extraordinariamente influenciável e crédula, é acrítica (Freud). Por isso mesmo, perigosa. Qualquer sinal de contrariedade, ataca de forma violenta, sem pensar. 

E manifestação pró impeachment, casal é agredido por estar com uma bicicleta vermelha




A formação dessa massa é efêmera, ela precisa ser atendida de forma rápida, para voltar à sua rotina. Sobre os fatos que não lhe interessam, não há qualquer manifestação. Exemplo claro foi a greve de professores de rede estadual de ensino, que durou 90 dias e nem sinal da massa se manifestar. Atualmente, as escolas do estado de São Paulo (e do Brasil ocmo um todo) estão em total decadência, assim como o transporte e os hospitais públicos. Onde está a massa para protestar?

O perigo de um grupo amorfo, sem qualquer ideologia ou objetivo definido é que ele está apto a abraçar qualquer causa ao qual consigam lhe convencer, serve a qualquer causa incendiária. Desde que, no discurso atinjam seus interesses particulares.  

Quem está jogando fermento na massa sabe bem o que quer, por isso, está organizando tudo bem direitinho. Ironicamente, a ética tão exigida na política pela massa, não atinge o mercado, pois este está acima da ética.



Afinal, nem a massa segue o receituário que ela tanto exige dos nosso políticos. Desvio de verba, sonegação, suborno, nota fria, superfaturamento, manipulação de dados, extorsão, corrupção, manipulação, entre tantas práticas, tão habituais no mundo dos negócios, que chega a ser risível que a o templo da massa seja a FIESP.

Mas isso pouco importa, pois nos casos citados acima, cada membro da massa pode fazer parte e, lógico, lucrar um pouco. Na política isso já não acontece, o corrupção é seletiva.


Mas isso pouco importa, pois nos casos citados acima, cada membro da massa pode fazer parte e, lógico, lucrar um pouco. Na política isso já não acontece, o corrupção é seletiva.

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