RADARES DO MAL PARA CIDADÃOS DE BEM?


A postagem numa página de bairro no Facebook surge alertando, aos seguidores, sobre a presença de radares em uma avenida famosa na região.

Nele, alertava-se para que os usuários ficassem "ligados" e não serem multados.

O alerta não é exclusivo dessa página, tampouco é novidade. Da mesma forma, os comentários, em sua maioria, mostravam a indignação ao que, segundos os comentadores, se tratava de uma "indústria da multa", mais uma forma de roubar por parte das instituições políticas etc.

A questão a ser pensada é: Mas, se numa avenida que estipula um limite de velocidade e o sujeito passa, de quem é a culpa?




O ponto importante nisso tudo é a dificuldade que o brasileiro tem de seguir as leis e, pior, como ele busca formas de burlar essas mesmas leis

Na minha memória de infância, lembro-me que questões assim surgiram quando da lei que obrigava o uso do cinto de segurança. Novamente, teorias conspiratórias surgiam, como a de que o uso do cinto causava mais riscos, que era apenas uma forma das autoridades ganharem dinheiro.

Tempos depois, o uso do cinto continua obrigatório e, pelo que parece, tornou-se um hábito culturalmente aceito entre os motoristas.

O brasileiro com sua habitual cordialidade espera que tudo se resolva de uma forma a não se utilizar os artifícios da lei, pois em sua concepção, ele tem que ser ouvido em suas necessidades. Assim, se um sujeito anda a 70 km/h numa avenida que determina o máximo 50 km/h, sua atitude pode e deve ser justificada, cabe as autoridades escutar.

Não se percebe que, apesar das inúmeras injustiças, ao desrespeitar leis que favorecem a maioria, estamos criando artifícios para que outros burlem a lei para favorecimento próprio. O resultado disso é, um país onde cada grupo quer manipular as regras a seu favor.


A percepção que temos é que cabe ao outro ser prudente e respeitar as leis, enquanto "eu" tenho uma justificativa: "Saí atrasado"; "Não tinha ninguém na avenida"; "É fim de semana"; "Aqui posso andar a tal velocidade"; "Sei o que faço".

O festival de desculpas não para e a indignação aos tais radares também, mesmo diante das estatísticas comprovando o quão benéfica é a lei que reduz a velocidade de avenidas e vias expressas. Nesse momento, o "cidadão de bem", indignado com a corrupção ou a violência que faz mais vítimas a cada dia, não percebe o quanto vale salvar uma vida,

Não quero ser ingênuo, alegando que injustiças ocorrem aos montes e que se por um lado há a punição severa, do outro, existe a negligência. Ruas mal iluminadas, a falta de sinalização de todos os tipos, asfalto precário que inclusive acabam com os veículos e que facilitam a ocorrência de acidentes, entre tantos descasos. Porém, não é possível que a peteca seja jogada de uma lado para o outro, sem que ninguém resolva fazer a sua parte, inclusive, denunciando quando houver a abuso.

Há também a necessidade urgente que munícipes de uma cidade como São Paulo, encontrem meios de fazer valer sua voz e conseguir exigir das autoridades ações imediatas. Para isso, é preciso participação ativa. Pois, se há abuso de poder, problemas localizados em determinado bairro, só a ação de cidadãos pode resultar em soluções.

No geral, o ideal é, andar na velocidade permitida, respeitar os pedestres e obedecer a sinalização.  

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