OS MISTÉRIOS DA CATUABA

Imagem que estampa o rótulo da Catuaba Selvagem
Criado em 1992, foi inspirada no filme "Conan, o bárbaro"

YES, NOS TEMOS CATUABA!!!

Originária do Brasil, a catuaba, árvore que pode ser encontrada em pequeno porte, medindo cerca de três metros, chegado até a quarenta metros, é especialmente conhecida pelas suas propriedades que atuam no tratamento da impotência sexual. Além de ser um excelente diurético, expectorante, antioxidante, estimulador do sistema nervoso e por aí vai.

Mas, a fama da catuaba está mesmo na sua versão engarrafada, misturada a outros elementos químicos que a transforma numa bebida adocicada, com um teor alcoólico considerável (16%) e um preço atraente, apenas R$ 10,00 a garrafa.

Mas, por que uma bebida fabricada há mais de 20 anos, tão conhecida em qualquer boteco da periferia entre os migrantes nordestinos, caiu no gosto de jovens hipster?

Interessante perceber essa apropriação de um elemento que, no passado, era simplesmente desconhecido. Com certeza, muitos dos avós ou até mesmos os pais da galera que hoje cultuam a bebida, já a conhecia de longa data.

A apropriação de um elemento tradicional, no caso, uma bebida que até então não tinha status para frequentar o habitat de jovens periféricos que buscam, a todo custo, se livrar de suas raízes brasileiras, á algo que no mínimo intriga.

OS HIPSTERS ATACAM!

Entender a questão é mais complexa do que se imagina, pois há uma mistura de gentrificação dos espaços, com algo envolvendo a cultura hipster, misturada a sacadas de marketing e uma dose de profanação estética dos espaços sagrados a high society.

Famoso bar na Vila Madalena que recebe o curioso nome dado ao
conjunto de habitações precárias, encontrados nas periferias da cidade

No processo de ocupação das periferias e dos bairros mais nobres, há a assimilação dos elementos encontrados nesses locais, por um público que não é do local. Captado como exótico, pitoresco e tipo com vintage, objeto de culto e simbolo de um tudo "junto e misturado" (mas, cada um na sua).

Já os jovens hipsters, embalados ao sons de bandas indies, de nomes complicados e letras insossas, encontram nessas símbolos, formas de subversão de uma estética determinada pelas elites dominantes locais. Afinal, a invasão a bairros como Vila Madalena; a dominação de avenidas como a Paulista, Oscar Freire e Faria Lima; e da tão famosa Rua Augusta, é a profanação de espaços que até então era solo sagrado dos descolados e "fazedores" de tendências. Agora, quem faz a tendências são os hipsters periféricos.

Food truck da Rua Augusta

Toda essa disputa se dá num campo de batalha, aparentemente amigável e descontraído, mas a resistência é constante. Daí, surgem nomes importados, para temperar a receita tupiniquim. Food truck, goumert, sommelier, vouchers, pub, hype, vibe, night. E nós, com a CATUABA.

Caninha "Cavalinho"

Enfim, termino o texto por aqui, devendo uma explicação mais consistente a respeito do tema. Ao mesmo tempo, esperando que outros símbolos ressurjam para o bem da memória brasileira, como as cachaças Pitú e Cavalinho; o conhaque Dreher; o xarope Biotônico Fontoura; os refrigerantes 7UP e Crush; e ela, a tão cultuada Baré Cola, a melhor de todas.