E SE HITLER VOLTASSE???

Cenas do filme "Ele está de volta"
O filme "Ele está de volta" tem uma proposta simples, que num primeiro momento sugere uma comédia de conteúdo simplório, mas que no fundo mostra um lado um tanto quanto negativo.

O filme se passa na Alemanha e de maneira fantástica, Adolf Hitler reaparece no de 2011, num terreno baldio. Em um  instante ele vai para num canal de televisão, onde produtores começam a produzir programas para o YouTube que o torna celebridade com seus discursos raivosos contra a política atual, a situação dos trabalhadores alemães e, pasmem, contra os imigrantes.

Parece um  comédia de realismo fantástico, porém, o filme se funde com cenas reais, rodadas nas ruas de algumas cidades da Alemanha, onde a população acredita que o personagem é apenas um comediante imitando Hitler.

De maneira assustadora, as pessoas tiram selfies com ator, travam diálogos queixando-se da situação do país, reclamando da presença de imigrantes, ouvindo atentamente os conselhos do sósia de Hitler e, mais assustador ainda, pedindo a sua volta ao poder para "dar um jeito na situação do país".

Trailer do filme "Ele está de volta", disponível pelo Netflix

O filme mostra, de maneira interessante, como a combinação de um discurso populista mais o aparato midiático pode gerar uma situação de alienação quanto ao conteúdo dos discursos e as intensões daqueles que proferem esses discursos.

Mas, longe de mostrar uma realidade fantasiosa ou dentre de um campo de possíveis, o filme retrata uma realidade que já acontece no mundo inteiro.


O discursos recentes das principais lideranças políticas e das personalidades influentes dentro do meio político, demonstram todo um viés simples, mas que atinge o imaginário da população. Tramitando sempre nas mesmas promessas de recuperação da economia, a garantia de emprego, enaltecimento no esforço pessoal para o sucesso e de uma unificação que procura identificar os que são diferentes, os que pensam de maneira contrária e que, por isso, estariam contra um "bem comum" ou contra o próprio país.

É um discurso unificador, mas que cria uma separação, a partir do momento que reconhece inimigos a serem combatidos, sejam imigrantes, os pobres que recebem benefícios sociais, os comunistas, arruaceiros e toda a sorte de grupos e pessoas que criticam o tal discurso unificador.

Outro aspecto assustador que o filme mostra é o esquecimento da história que, no caso alemão, não é qualquer história. 

É incrível perceber que esses discursos ganham ecos na grande mídia e ainda mais nas redes sociais da internet, onde a política vira um espetáculo grotesco de ataques e de uma violência sem limites.

Se Hitler voltasse hoje, com certeza estaria em casa.

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