PABLLO VITTAR, ANITTA E A INDÚSTRIA CULTURAL

Na sequência Pabllo Vittar, Max Horkheimer e Anitta
Abaixo a imagem das sopas Campbell's de Andy Warhol

No final de 2017 todas as atenções voltaram-se a duas artistas que rederam muitos comentários nas redes sociais, Pabllo Vittar e Anitta

A primeira por ser homossexual travestido (o mesmo não se considera transgênero e nem transexual), com um agudo potente que chama atenção, tanto para fãs como para os críticos ferrenhos. Já a consagrada Anitta chamou a atenção pelo seu último videoclipe, onde se apropria de elementos e da estética dos morros e favelas do Rio de Janeiro, para a composição do seu mais novo hit Vai malandra. A questão, no caso de Anitta, é o vídeo todo erotizado, com bundas em excesso e corpos desnudos.

Distante de uma análise moral o objetivo desse texto é analisar o quanto essas duas artistas fazem parte do que podemos chamar de INDÚSTRIA CULTURAL e, nesse contexto, são produtos que refletem toda essa indústria.

A enxurrada de críticas que ambas as artistas recebem acabam não se fundamentando, boa parte por girar em torno do mais do mesmo do "isso não é cultural", "isso não é música", "tanta artista bom por aí...", "não tem mais artista bom como antes". Enfim, toda aquela ladainha que não permite que as pessoas percebam que, mesmo seu artista descolado, erudito e refinado é tão parte dessa indústria quanto os exemplos acima.


EMPODERAMENTO E DIVERSIDADE

Anitta eo  discurso feminista incorporado

Apesar de ser tema da moda, o empoderamento das duas artistas é evidente. De um lado, um homossexual todo transformado, assumindo sua condição em canais de TV, shows e na internet. Com a voz e o corpo que revela sua condição, onde a ação revela mais que o discurso militante. Pabllo Vittar se mostra e enfrenta o mundo, samba na cara de todos, sem medo algum. É diva.

Ah! Mas a voz é irritante!!!
Sim, mas quem disse que precisa cantar bem??? 


Um artista é um produto e antes de vender sua música ele, dentro do grande circo da indústria fonográfica, vende uma ideia, vende roupa, vende estilo, vende o discurso, a marca da camiseta, os acessórios, o cabelo etc. E, por último, a música, que nada mais é que a trilha sonora para o produto em exposição.

Mas letras não dizem nada, não têm conteúdo??? 


E quem disse que é pra ter!?


Conteúdos tem em livros de história e filosofia, a música é antes de tudo entretenimento puro. É a junção da batida e de letras que apresentam uma musicalidade, que tem como único objetivo entreter as massas.

Nesse sentido, Pabllo Vittar é uma artista autêntica e completa, cumpre os requisitos.

Anitta é a mulher mais bem sucedida do momento. Com grande sucesso aqui, e relativo reconhecimento no exterior, consegue transformar cada lançamento de uma música num evento. Seu show segue toda a estética do que um dia já fez Madonna e, tal como a estrela norte americana, também causa polêmica por sua dose de erotismo latente.

Anitta é a protagonista de si mesmo e com isso coloca em prática o discurso do "meu corpo, minhas regras". Ela faz o que bem quiser, pois é dona de próprio nariz. 


Com seu funk pasteurizado, palatável para as massas e sobretudo acessível aos lares da sagrada família brasileira, Anitta é outro produto de sucesso. E não é de forma pejorativa que intitulo assim.


A INDÚSTRIA CULTURAL 

O termo indústria cultural foi criado em 1947, por Theodor Adorno e Max Horkheimer  (Escola de Frankfurt).

O surgimento do processo ocorre a partir do século XVIII, onde os principais fatores foram a multiplicação dos jornais na Europa, a urbanização, a industrialização, criação e ampliação do mercado consumidor.


A partir disso, surge o ciclo de produção em massa para o consumo em massa.

Nas cidades o lazer e a arte se transformam em serviços oferecidos por por profissionais, a exemplo de circos, companhias de espetáculo, de tetro e dança

Umas das características da sociedade em massa está no surgimento de multidões padronizadas e homogêneas.

Na indústria cultural tudo é mercadoria produzida exclusivamente para o consumo em larga escala, em massa. De sabão em pó até o artista do momento.

O sucesso do verão não alcança esse patamar do nada, simplesmente porque as pessoas escutam e de boca em boca passa a ser sucesso. Um artista, antes mesmo da sua fama, já é pensado para ser sucesso, vender milhões. Então, por trás dele, antes de subir ao palco ou estrear como artistas, inúmeros profissionais se dedicaram a criar e compor o sucesso do momento. 

Elvis Presley, o rock como grande exemplo de produto gerado pela Indústria Cultural
O rock é exemplo bem sucedido de estilo que foi criado pela indústria cultural para atender ao gosto da juventude rebelde em meados dos anos 50, então, a partir disso, uma enxurrada de outros produtos aparecem, de bottons até jaquetas, passando pela literatura e a arte em geral, tudo isso acompanhando o artista do momento que foi criado para exclusivamente para isso.

No geral, você pode ter críticas quanto ao estilo de música, mas cada artista apresentado não foge a regra do que vemos aos montes, como produtos de uma mesma indústria para puro deleite das massas.
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