QUANDO A TRISTEZA NÃO É MAU NEGÓCIO

DIVERTIDAMENTE É UMA ANIMAÇÃO QUE NOS ENSINA MUITO SOBRE NOSSOS SENTIMENTOS E A IMPORTÂNCIA DE CADA UM DELES


É claro que você já teve aqueles dias difíceis de profunda tristeza, pior, já sentiu raiva de alguém ou alguma situação especifica e, sem falar no medo, velho companheiro que nos assombra e atrasa a nossa vida.

Numa sociedade hedonista, onde a felicidade é um bem supremo, onde esses sentimentos são tidos como errados e a todo momento são combatidos. E o que não falta são as mensagens de auto ajuda, de determinação e superação. "Não fique triste", "isso é coisa sua", "Ah! Não gosto de gente assim", "sentir raiva de alguém é ruim", enfim, umas série de frases que povoam nossa mente e que ajudam nessa culpa.


No longa metragem animado DivertidaMente esse mito é quebrado, de uma forma muito delicada e com uma mensagem forte.

Na trama, Riley é uma garota de onze de idade que tem que lidar com a mudança de cidade e a separação dos amigos, da casa onde passou a infância e todas as lembranças que fizeram sua vida feliz.

Em seu cérebro a Alegria, a Tristeza, a Raiva, o Medo e o Nojo são representados por personagens de temperamento marcante. 

A Alegria, representada por uma linda menina de cabelo azul tenta dominar a cena, não aceitando a participação dos outros sentimentos, o que vai gerar uma grande confusão ao longo do filme.

A mensagem central que fica é da importância dos sentimentos em nossas vidas, mesmos aqueles que sofrem de má reputação, como no caso da Tristeza. Saber dar espaço aos sentimentos, respeitá-los e tentar compreende-los é fundamental para manter o nosso equilíbrio mental, para o enfrentamento de desafio e para nossa autodefesa.

Afinal, o que aconteceria se fossemos alegres o tempo todo ou rejeitássemos todos os outros sentimentos? Não alcançaríamos a maturidade necessária e a capacidade de viver a realidade. Fugiríamos constantemente de situações desagradáveis e com isso limitaríamos nosso campo de atuação, além de não saber lidar com as mudanças.

Muitas vezes ficar triste é necessário, aceitar esses momentos, chorar, reservar espaço para se expressar de modo triste é importante para uma reflexão.

E a raiva? Isso é bom?

Sim, na medida certa é bom, assim como sua liberação. O mantra tão repetido de que não devemos sentir raiva é perfeitamente normal. Gritar de vez em quando, xingar, "dizer na lata" aquilo que sentimos nos libera de uma carga emocional que não podemos segura.

Assim como o nojo e o medo que nos colocam numa zona de segurança importante. DivertidaMente mostra de maneira muito didática que nossos comportamentos são apenas a ponta do iceberg, modelados pela influência cultural. Dentro de nós há um universo complexo, um enorme arquivo onde tudo é guardado e arquivado em instâncias da nossa mente.

Da mesma forma que existem memórias que precisam ser apagadas, como na cena em que o amigo imaginário de Riley desaparece. Isso acontece com memórias de traumas e de acontecimentos sem importância, onde suas recordações criariam uma sobrecarga em nosso cérebro.

Aprender a lidar com os sentimentos é condição para o nosso amadurecimento, entender esses mecanismos nos ajudam a sermos pessoas melhores para nós mesmos e para os que estão à nossa volta. 

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