O LEVIATÃ DESGOVERNADO


O trem descarrilhou, estamos todos perdidos, confusos e desorientados, essa é a verdade. Nossa democracia recente e frágil está enfrentando o seu pior momento, depois da redemocratização. Mas, não é só aqui não, o mundo todo está assim e a grande questão é: para onde vai tudo isso vai nos levar?

Aqui no Brasil, um governo que tem como marca principal a ignorância, simbolo máximo da inserção do homem mediano na política. Por isso mesmo, todo o debate político em âmbito público transformou-se numa grande conversa de boteco onipresente. As fofocas, as intrigas, os detalhes mais insignificantes tomam a vez no debate, deixando de lado uma análise profunda e estrutural de questões urgentes.

A criação de um inimigo interno, até o momento, foi bem sucedida. Com medo novamente de uma ameaça comunista, de uma dominação via marxismo cultural, as pessoas passaram a odiar o Estado, a coisa pública e tudo aquilo que remete ao social, inclusive esfacelando a noção de coletividade.
O cada um por si é a palavra de ordem, tendo como esperança única, o mercado.

E o mercado não gosta do Estado, pelo menos aquele que distribui renda, que promove políticas públicas, que assegura direitos, que zela pelo patrimônio público. O mercado financeiro é ciumento, quer o Estado só pra ele, ajudando em leis de incentivo, privatizando via risco zero para empresas, socorrendo nas horas de necessidade com o dinheiro do povo, propiciando mamatas via esquemas de corrupção, afinal, onde tem dinheiro sujo tem uma empresa amiga por perto.

No meio dessa confusão toda na fogueira das vaidades, a sociedade civil está perdida, se digladiando. Os movimentos sociais estão enfraquecidos, sendo expostos aos ataques mais desonestos. A esquizofrenia social atuante tomou conta do discurso do senso comum, perdemos a noção de tempo e espaço e os conceitos são apropriados sem nenhuma preocupação de real de entendimento, são apropriados livremente e com a tradução que o cidadão mediano impõe.

A palavra de ordem é resistência, ocupação dos espaços, criação de redes de solidariedade e, principalmente, uma humildade em trazer para a sanidade absoluta o cidadão mediano esquizofrênico que até agora não se mostrou sensível ao próprio caminho perigoso que nossa democracia e nossos direitos vem tomando.

Mas, por enquanto, a locomotiva do Estado e da política está cada vez mais desgovernada e distante de todos nós, e isso não é nada bom. 

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