SEMIDEUSES DO UNIVERSO VIRTUAL

O UNIVERSO VIRTUAL DAS REDES SOCIAIS INTROJETOU EM CADA INDIVÍDUO UMA FALSA SENSAÇÃO DE PODER QUASE DIVINO, ASSIM NOS TORNAMOS SEMIDEUSES VIRTUAIS

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Na Mitologia Grega é comum a figura dos semideuses, seres humanos que nasceram fruto da relação de um Deus com uma mortal. Por isso, era atribuído a esses humanos diferenciados poderes  diversos que os tornavam heróis e os colocavam numa posição de superioridade. 

Porém, todos eles possuíam suas fraquezas físicas e emocionais, decisivas em muitas histórias, levando-os ao fracasso e até a morte. 

Nos diversos aplicativos das redes sociais da internet, parte da nossa atuação introjeta essa condição de semideus. Diferente da atuação das jornadas mitológicas, conseguimos de fato matar Deus mas, não sem antes arrastar seu cadáver simulando neste Deus uma vida.

Acontece que nos tornamos interlocutores dessa divindade e, nesse ponto, o mundo virtual se transforma em campo perfeito para essa atuação.

Em linhas gerais, cada aplicativo oferece sua oportunidade, nos dando a capacidade de mostrar nossas falsas habilidades. Assim, somos belos e perfeitos no Instagram; donos da razão e seres onipresentes no Twitter; juízes corretos e controladores da vida no Facebook; e assim segue. Cada indivíduo, na falsa sensação de controle das ações do outro se coloca como um semideus, capaz de um poder que na vida desconectada não se realiza. Assim, como no Espelho de Ojesed das histórias do Harry Potter, enxergamos apenas a nós mesmos e um mundo que imaginamos, com pessoas que imaginamos, numa realidade que só existe na nossas mentes narcisísticas.

Somos semideuses com muito mais fraquezas do que atribuições verdadeiras, num disfarce constante e, pior, na falsa sensação de domínio do outro e suas atividades. Assim, todos tornam-se poderosos, numa luta constante de identificação das fraquezas alheias, analisando-as ou até mesmo buscando assimilar seus (falsos) poderes, numa antropofagia cibernética. 
 

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