ELA



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Ela vem e consome toda minha energia. Sempre uma visita inesperada, chega sem avisar, arrebenta a porta e começa a devastar tudo. Em pouco tempo expulsa todos os demais sentimentos da casa e, sem cerimônias chama seus convidados. Um misto de tudo começa a acontecer, angústia, ansiedade, total desânimo, anulação do processo criativo, incapacidade de dar continuidade a qualquer atividade (mesmo as mais simples e, talvez a pior de todas as sensações, a culpa.

Quando a depressão chega, parece que todas as cores em volta vão embora, fica apenas o cinza. A gente não sabe bem o que acontece, mas o sentimento de solidão é constante, além da sensação da falta. Falta alguma coisa, falta alguém, falta inspiração, falta motivos para realmente continuar (mesmo que você tenha).

Acompanhando a estranha visita, vem a dor. Uma dor profunda, perversa, que prende. Uma dor que dificulta qualquer ação, desde levantar da cama ou até mesmo ler um livro. Escrever essas linhas está sempre sobre uma dificuldade imensa, mas tive que fazer, como sinal de resistência. 
Só esse final de semana pensei na possibilidade de não mais existir, o que não me pareceu absurdo. 

Fui falar com uma amiga o que estava sentindo, novamente tive que escutar "mas e seus filhos", "pense que tem um monte de gente que te ama"... é  última coisa que precisava escutar.

O que vem agravando o meu estado é perceber que todas as pessoas, de algumas forma, acabam indo embora. A sensação que tenho que sou apenas uma escada ou refúgio temporário, enquanto as pessoas não encontram alguém melhor. Logo, quando isso ocorre, desaparecem. E a pergunta que me faço é: "por que ninguém de fato fica?".

Amanhã é segunda-feira, o pior dia, em todos os sentidos. Fico feliz por ter escrito essas linhas e vou tentar sobreviver ao amanhã. Torcendo para que ela vá embora, ao menos por enquanto.

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