O filósofo Sócrates foi condenado a morte pelos cidadãos de Atenas. O motivo: corrupção da juventude, desrespeito às leis e aos deuses.
Seu discurso de defesa foge ao convencional, pois ele em momento algum tenta escapar de sua condenação ou muito menos implora por uma pena menor. Sócrates, ao contrário, enfrenta a situação com muita coragem e com a certeza de que nada deveria temer, pois nada de errado fez.
Ao ser acusado de corromper a juventude, o que nos vem a mente é que Sócrates influenciava o pensamento dos jovens com idéias tendenciosas e malignas. Não é muito difícil de surgir um paralelo com os corruptores de jovens de nossos tempos, que desviam os mais novos para o consumo de substâncias ilícitas ou motiva-os a praticar atos ilegais.
Estátua de Sócrates |
Julgamento do filósofo |
Sócrates foi condenado a morte, não por ser injusto ou faltar com a verdade, mas ao contrário, ele se negava a mentir ou a proferir discursos inflamados e meticulosamente pensados para agradar às massas. A agressão nesse caso consistia em provocar os atenienses e todas as autoridades locais com um discurso irônico e contestador.
O legado socrático é antes de tudo um dilema sobre a ética, a conduta dos cidadãos da pólis, sobre o compromisso que nós devemos ter com a verdade.
Não a toa, que certo de sua condenação, Sócrates adverte que a calúnia e o rancor é que o levaria à morte, da mesma forma que muitos outros sofreriam o mesmo destino. “Não é de esperar que pare em mim”, diz ele ao cidadãos de Atenas.
E, assim continua sendo, a sociedade contemporânea condena e extermina muitos “Sócrates”, depõe contra o conhecimento e principalmente é inimiga da verdade.
O guarda entrega o copo de cicuta, o veneno que Sócrates beberia para a sua morte |
Não por acaso, o Brasil amarga entre os últimos países quando o quesito é a Educação. Vivemos numa sociedade que não valoriza a Educação e o conhecimento, que objetiva na formação escolar somente a aquisição de bens materiais e de uma satisfação ilusória e momentânea, custe o que custar.
A cada dia nós matamos um filosofo, sacrificamos o conhecimento e nos colocamos contra a verdade, e é isso que nos faz feliz.
Diante da situação pagamos o preço por viver uma vida sem reflexão, onde somos peças num jogo de incertezas, de um mundo cada vez desigual e sujeito à barbárie. Nossa visão de mundo é unidimensional, tal como colocaria Herbert Marcuse. Somos e seremos cada vez mais um rebanho de ovelhas felizes, dispostos a condenar e levar a morte tantos outros defensores do conhecimento.
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