A solidão é tema, ao meu ver, central em quatro filmes que tive a oportunidade de assistir entre os meses de Dezembro e Janeiro. Por coinscidência justamente o período onde se prega a paz, a harmonia e a solidariedade entre os seres.
O primeiro da lista é o filme de 2007, dirigido por Sean Penn, intitulado Na Natureza Selvagem (Into the wild), (novamente outra mera coinscidência é a presença da atriz Kristen Sterwart, que lembra um pouco a atuação débil na saga Crepúsculo). O filme retrata a história verídica de Christopher McCandless, que em meados dos anos 90 percorre boa parte dos EUA em busca de liberdade e de uma vida longe dos valores pregados à ele, tais como família, propriedade, dinheiro, carreira etc. Ao longo de sua trajetório McCandless conhece pessoas que transformam sua vida, da mesma forma que ele consegue transformar a vida das pessoas que encontra pelo caminho. Sua trajetória segue até o Alaska, onde no isolamento total ele procura uma vida longe dos valores superficiais pregados a ele. A questão é, sua revolução é solitária e ao longo no filme ele não procura a transformação da sociedade a qual ele não compartilha os memos valores. Ao final percebemos uma pessoas que encontra na solidão total a verdadeira harmonia.
O segundo filme ficou em cartaz nos cinemas por três anos nas salas de cinema de São Paulo, é do diretor francês Alain Resnais, intitulado Coeurs e com uma tradução que tem tudo haver com o filme Medos privados em lugares publicos. A estória se passa numa Paris gélida onde mesmo a agitação de uma grande metrópole não é suficiente para aplacar a solidão que se abate na vida dos seis personagens ao longo do filme. Com uma linguagem um pouco mais sútil, a solidão permeia a vida desses personagens (que de certa forma estão entrelaçadas), que se vêem limitados mesmo num ambiente de grandes possibilidades, nesse caso o frieza não está apenas na neve que cai a todo momento, mas no coração de pessoas que não conseguem se encontrar no amor.
A mesma sutiliza não é vista em outro filme francês, A cidade está tranquilha (La ville est tranquile), de 2001, do diretor Robert Guédiguian. Dessa vez a estória se passa na cidade de Marselha, onde os habitantes sofrem as consequências das transformações políticas e econômicas do cenário mundial, situações como o desemprego, a xenofobia, o discurso da extrema direita, o saudosismo de esquerda, a drogadição e a prostituição aparecem nesse filme, mas é a solidão que novamente dá o ar da graça para é o rolo compressor que arrasa a vida dos personagens (que novamente tem seus destinos cruzados). Nesse caso o drama central está na estória de Michèle, que trabalha em um mercado de peixe durante a noite, e, de dia tem cuidar da filha viciada em drogas e da neta recém nascida, além de sofrer violência por parte do marido desempregado. Outros personagens do filme nos mostra que a solidão não respeita as barreiras sociais, mas é com Michèle que ela aparece na sua forma mais melancólica e destruidora.
E por fim um filme brasileiro, que, fugindo ao esteriótipo dos filmes globais, nos mostra que o cinema nacional ainda produz excelentes filmes. É o caso de A casa de Alice, de 2007, dirigido por Chico Teixeira e que conta com a excelente atuação de Carla Ribas. Diferente dos filmes mencionados, Alice não compartilha (de forma não proposital) de seu sofrimento com outros personagens, é apenas ela, uma dona de casa rejeitada pelo marido e desvalorizada pelos filhos que se vê só, e que, ao longo do filme vai procurando meios de sobreviver a essa solidão.
O grande ponto dos quatro filme é o de mostrar que o ser humano é aquilo que ele não transparece, longe a "atuação" e dos "papéis sociais" é que revelamos nossas angústias, sofrimentos e vulnerabilidades.
Se você leu esse texto até o final vale a penas, e muito, conferir esses filmes. De preferência sozinho.
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