O JOVEM XAMÃ

Imagem de Jesus rastafári


Pela manhã nos reunimos na "cozinha" instalada no meio da mata. Me encarrego do preparo da ganja com ervas trazidas diretamenta da zona norte paulistana, amplamente elogiada pelo Samuka, guardião do local. 

Assim que a brisa coletiva bate, uma conversa se inicia. Samuka começa a falar de Jesus e seu poder de liderança. Percebo a emoção no seu rosto e o entusiasmo em sua voz. 

Ele fala sobre um guarda do alto de escalão de Pilatos, que em segredo contrariou o governador romano para se encontrar com Jesus. O motivo, pedir ajuda para curar o filho enfermo. Segundo Samuka, Jesus apenas disse ao soldado que ficasse em paz, o filho não estaria mais doente. Ao chegar em casa, o soldado romano constatou o primogênito brincando e correndo como se nada tivesse acontecido. 

O jovem xamã vindo da Cidade Tiradentes, então, começa a dizer sobre o quanto a base da religião de Jesus era o amor e que ela não dependia da igreja. 

Ele diz que Jesus era rasta dada a capacidade de ver que o único camiho era o amor. 

Logo em seguida, o jovem nos fala sobre a teoria da evolução com base na tradição dos índios Yawanawá {preciso pesquisar mais sobre isto}. Pela tradição Yawanawá, forma ondas, onde em alguns momentos o caos domína, o conhecimento e a ciência {o jovem aqui faz uma paralelo ao momento que estamos vivendo} são utilizados de maneira errada, isso leva a um caos. 

Porém, a partir do caos é que começa uma consciência coletiva, onde todo conhecimento é utilizado para reparação e em benefício de todos, eis que temos um momento de evolução e aprendizado a partir dos erros. 

Acho interessante essa visão apresentada, o jovem xamã tem uma capacidade discursiva que atrai. 

Para finalizar, ele fala sobre a energia que nos move e faz parte do universo. Que nós somos parte desse universo e na morte, essa energia abandona o corpo e se mistura a energia do universo, até envolver outra vida, outro corpo {tenho que ler sobre os chakras}

O silêncio toma conta por alguns segundos, ficamos em um momento de reflexão. 

"Jesus era rasta"  isso fica na minha mente. 

Após essa conversa, voltamos a nossas ocupações. Samuka diz que tem uma missão na praia {durante toda estadia, ele menciona suas atribuições como missões, demonstrando um certo desprendimento em relação ao caráter de urgências dessas missões. Em muitos momentos ele deixava as missões de lado para ficar conosco conversando. Segundo ele mesmo "não se podia fazer todo o trabalho num dia, pois senão não sobraria nada para fazer no dia seguinte"}.

O jovem xamã da Cidade Tiradentes no conta que faz tratamentos com rapé. Diferente de Samuka, ele saí para maguear {manguear é o mesmo que fazer o corre}.

Assim que encerrada a conversa, cada um toma providências de seus afazeres e retornamos aos nossos lugares. 


*anotações realizadas após a conversa em 08 de Janeiro de 2020, em Camburi das Pedras (Ubatuba - SP). 


Comentários

  1. Samuka pessoa de alma boa e de boas vibrações. Com ele pude perceber na prática que o Ser humano não precisa de muito pra encontrar-se consigo mesmo. Por fim, contatei de uma vez por todas que na simplicidade encontra-se os maiores ensinamentos.

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  2. Samuka pessoa de alma boa e de boas vibrações. Com ele pude perceber na prática que o Ser humano não precisa de muito pra encontrar-se consigo mesmo. Por fim, constatei de uma vez por todas que na simplicidade encontra-se os maiores ensinamentos.

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